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Política

Gilmar blinda STF: só PGR pode pedir impeachment de ministro

Decisão suspende lei de 1950 e barra denúncia popular. Medida visa evitar intimidação política e proteger direitos fundamentais.

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Por Redação Black News Brasil 03 de Dezembro de 2025 | 14:56 – Atualizado em Real Time

BRASÍLIA – O ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta quarta-feira (3) que apenas o chefe da Procuradoria-Geral da República (PGR) possui legitimidade para denunciar ministros da Corte ao Senado por crimes de responsabilidade.

A decisão monocrática altera profundamente a dinâmica de freios e contrapesos em Brasília. Na prática, Mendes suspendeu a eficácia de um trecho da Lei do Impeachment (Lei 1.079/1950) que concedia a “todo cidadão” a prerrogativa de protocolar pedidos de cassação contra magistrados. O novo entendimento deverá ser confirmado ou não pelo plenário da Corte, em julgamento virtual agendado entre os dias 12 e 19 de dezembro.

Fim da “Ferramenta de Intimidação”

Ao atender ações protocoladas pelo PSOL e pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), o decano argumentou que a legislação de 1950 era excessivamente ampla e vaga. Segundo o ministro, o dispositivo vinha sendo desvirtuado, deixando de ser um instrumento de controle legítimo para se tornar uma “ferramenta de intimidação e mitigação das garantias judiciais”.

Em sua decisão, Gilmar Mendes foi enfático sobre os riscos da instrumentalização política do processo:

“A intimidação do Poder Judiciário por meio do impeachment abusivo cria um ambiente de insegurança jurídica, buscando o enfraquecimento desse poder, o que, ao final, pode abalar a sua capacidade de atuação firme e independente.”

Análise: Proteção à Interpretação Constitucional

A medida estabelece uma barreira técnica contra o uso partidário do Senado. O ministro destacou que juízes, “temendo represálias, podem se ver pressionados a adotar posturas mais alinhadas aos interesses políticos momentâneos”. Ao restringir a autoria à PGR, a decisão visa garantir que os magistrados tenham liberdade para assegurar a “interpretação imparcial da Constituição e a preservação dos direitos fundamentais”, sem a ameaça constante de processos políticos.

O Contexto Legal

Embora a Constituição Federal preveja que cabe ao Senado julgar ministros do STF, ela não detalha as normas do processo, papel que era cumprido pela Lei 1.079/1950. A legislação define como crime de responsabilidade atos como: alterar votos já proferidos (exceto via recurso), exercer atividade político-partidária, ser desidioso no cumprimento dos deveres ou proceder de modo incompatível com a honra e o decoro da função.

Com a suspensão do trecho que permitia a denúncia popular, o Supremo reforça sua blindagem institucional em um momento decisivo para a estabilidade democrática.

A Redação Black News Brasil reúne jornalistas e colaboradores comprometidos em informar, contextualizar e ampliar narrativas a partir de uma lente negra.

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