Lente BNB
Fuga de Ramagem: Após ordem de prisão, PF ainda “analisa” inclusão na lista da Interpol
O Supremo Tribunal Federal determinou a prisão. O réu está fora do país. Ainda assim, a Polícia Federal afirma que estuda os trâmites para acionar a Difusão Vermelha. O BNB explica os bastidores dessa hesitação e o que ela significa para a impunidade da Cúpula do Poder.
A notícia caiu como um terremoto institucional na noite desta sexta-feira: após o Supremo Tribunal Federal (STF) decretar a prisão preventiva do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), a Polícia Federal informou que ainda “analisa” a inclusão do nome do parlamentar na Difusão Vermelha da Interpol.
Para qualquer cidadão, a equação é simples: ordem de prisão + alvo no exterior = pedido imediato de captura internacional. Mas no Brasil, quando o investigado pertence ao topo da hierarquia política, a burocracia costuma ganhar uma nova camada protetiva — aquela que só existe para quem tem poder.
O Fato: a ordem de prisão e sua zona cinzenta
A decisão do STF ocorreu após o descumprimento de medidas cautelares impostas no caso da “Abin Paralela” e na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado. Há indícios de que Ramagem esteja nos Estados Unidos.
O procedimento formal exige que o pedido de Difusão Vermelha seja encaminhado ao Escritório Central da Interpol no Brasil, que funciona dentro da própria PF, e depois validado pela sede em Lyon, na França. A PF afirma que precisa “evitar falhas formais” para impedir que a defesa alegue perseguição política — argumento clássico que costuma travar extradições.
A Lente BNB: cautela técnica ou privilégio histórico?
Sob a Lente BNB, o que se apresenta como cautela jurídica tem outro contorno: o tempo funciona como o maior aliado da elite investigada.
1 – O tempo da elite
Enquanto a PF “analisa” documentos, Ramagem ganha horas decisivas:
- consulta advogados internacionais
- reorganiza rotas
- movimenta recursos
- considera países mais simpáticos a pedidos de refúgio político
Esse tempo nunca existe para quem está no lado fraco da lei.
2 – O contraste operacional
Quando é um jovem negro, um suspeito de roubo ou um investigado por tráfico:
tudo acontece imediatamente.
Cooperação internacional é enviada rápido.
Mandados são cumpridos sem hesitação.
O Estado age.
Mas quando o alvo é um deputado federal, ex-chefe da Abin, com acesso a inteligência do próprio governo a engrenagem fica pesada. A técnica vira justificativa. A burocracia vira proteção.
A Lente BNB mostra o padrão: o rigor da lei no Brasil é seletivo.
O risco real: um foragido nacional, um turista global
Sem a Difusão Vermelha, Ramagem está tecnicamente foragido apenas no Brasil — mas um viajante comum no exterior. Ele pode circular entre países que não exigem visto brasileiro sem qualquer impedimento em aeroportos.
Esse vácuo jurídico cria um problema maior: a imagem de que o sistema de justiça é firme com a base e flexível com o topo.
O que está em jogo agora
O momento é decisivo.
A análise que a PF faz neste exato instante determinará duas narrativas possíveis:
- Ou o Brasil consegue fazer valer suas próprias decisões judiciais contra sua elite política;
- Ou a burocracia, mais uma vez, se transforma em rota para a impunidade e para a fuga.
Para o Black News Brasil, a questão não é apenas processual. É simbólica.
Por: Redação Black News Brasil
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